Uma Breve Contextualização Histórica

Esse texto tem o objetivo de contextualizar o filme Metrópolis em relação ao período em que foi produzido, pois acreditamos que, sem a devida contextualização histórica, o debate e a compreensão acerca dos significados implícitos na obra que estudamos ficam vagos e podem desviar as atenções para questões de cunho técnico do filme, e isso seria um desvio dentro da proposta de estudo deste blog.

Produzido em 1927, com financiamento da UFA, empresa alemã produtora de filmes que havia sido adquirida pelo burguês alemão Alfred Hugenberg um ano antes, o filme funciona como uma espécie de cartão de visita daquela nova fase da UFA. Com o mais caro orçamento da história do cinema alemão até aquela data, o filme abusa de recursos dispendiosos para a época e traz claramente, em seu discurso, mensagens bem objetivas que demonstram a que interesses servia. É desnecessário dizer que esses são os interesses da classe que o produziu e o financiou, ou seja, a burguesia alemã.

A Alemanha vivia a chamada República de Weimar, conhecida com esse nome em referência a cidade onde havia sido definida a constituição então vigente naquele país, e era presidida por Paul Von Hindenburg. O poder na Alemanha desse período estava concentrado nas mãos dos sociais-democratas, mas era notório o crescimento gradual do nacional-socialismo, assim como a redução das possibilidades do partido comunista de chegar ao poder.

Um elemento importante na compreensão daquele período era o contraste entre o florescimento artístico com representantes como Bertolt Brecht, a escola de Bahuaus e mesmo o expressionismo na pintura, literatura e no cinema, que embora tenha servido de plataforma para pensamentos direitistas, deve ser lembrado como um movimento artístico relevante e, por outro lado, o Tratado de Versalhes, que castigava os alemães como sendo os únicos culpados pela Primeira Guerra Mundial, e os obrigava, entre outras coisas, a pagar quantias astronômicas para os outros países beligerantes no conflito que durou de 1914 a 1918.

Metropólis é lembrado como um representante do expressionismo no cinema embora, certamente, mesmo entre seus defensores, não possa ser apontado como a obra-prima daquele movimento e sim, ou apenas, como a sua mais cara representação.

Portanto, apesar de superficial, essa breve contextualização busca esclarecer em que pano de fundo está inserida a obra estudada, ao mesmo tempo que busca reforçar a opinião do nosso grupo em relação à necessidade da contextualização histórica em toda e qualquer teoria estudada, assim como em toda obra de arte ou meio de comunicação, pois as teorias e as artes surgem da necessidade e como produto de determinados momentos históricos, não podendo ser separados de seu contexto e nem adaptadas, embora haja esforço constante no sentido contrário, a diferentes realidades sem que sejam ignoradas premissas, necessidades e motivações importantes nos ideais originais de seus autores.

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